Assédio Moral nos Hospitais

15/12/2024

Os funcionários dos hospitais precisam de atenção redobrada, seguindo, com um alto nível de precisão, os procedimentos e as normas. Qualquer desatenção pode caracterizar um erro grave e causar sérios prejuízos para o paciente e para a própria unidade hospitalar.

Portanto, é lógico que a gestão pode exigir, vigiar e fiscalizar o trabalho dos empregados. 

O que acontece, porém, é um exagero na coordenação dos trabalhos, cobrando dos empregados de forma errada, excessiva, agressiva, desumana, desleal.

Esquece-se que são vidas cuidando de vidas. 

Não é possível imaginar um profissional doente com capacidade suficiente para cuidar de outro doente. Um empregado esgotado profissionalmente, com Burnout, por exemplo, não possui as condições necessárias para trabalhar, muito menos trabalhar com excelência.

E aqui reside um grave problema. As gestões hospitalares acabam exigindo dos empregados na área da saúde muito mais do que tem condições de executar. E ai, pensando em um ritmo de trabalho quase impossível de ser executado, lançam pressão excessiva, tratamento grosseiro, perseguição, punições indevidas, em casos mais graves, gritos, agressões e diversas outras humilhações.

Outro ponto que chama a atenção é a desqualificação da gestão. São excelentes profissionais em suas áreas de atuação, porém, péssimos gestores, frios como ouro, ignorantes.

Essa combinação, sem dúvidas, humilha e diminui o empregado, caracterizando assédio moral.

Tecnicamente falando, assédio moral é toda conduta reiterada do empregador, abusiva, que possa ferir a integridade física ou psíquica de um empregado, colocando em risco sua saúde, seu emprego ou degradando o próprio ambiente de trabalho.

O assédio é algo tão grave que nem mesmo os médicos escapam. 

Segundo a Federação Brasileira de Hospitais, o assédio moral atinge 55% das médicas brasileiras.[1]

Se os médicos são vítimas de assédio moral, pensam as categorias de apoio, como enfermeiros, técnicos em enfermagem, técnicos em radiologia, auxiliares de limpeza, etc.

Acontece que esse padrão de comportamento é proibido pela lei e  gera para as vítimas do assédio direitos.

Os empregados vítimas de assédio moral tem direito a indenização por danos morais, por exemplo, e à rescisão indireta do contrato de trabalho, porque a situação atinge a honra e a dignidade do trabalhador, e é considerada descumprimento contratual grave por parte do empregador.

Se as consequências do assédio forem extremamente graves, com necessidade de tratamento prolongado, afastamento do trabalho por incapacidade, medicamentos, etc, o empregador terá também que indenizar esses prejuízos. Sem contar que, se o empregado adoecer por causa do assédio, será considerado adoecimento ocupacional, e gerará também os direitos equiparados a um acidente de trabalho, inclusive a estabilidade acidentária de 1 ano.

E a lei nem poderia, mesmo, ser diferente disso. Já que é responsabilidade do empregador proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro, obedecendo a todas as normas de higiene, saúde e segurança no trabalho.

Sem dúvidas, a prevenção e o combate ao assédio moral se insere no campo da Saúde Ocupacional , de observância obrigatória por parte do empregador.

Se o empregador não adota os cuidados necessários, se omite de forma ilícita, agindo com culpa.

Em alguns casos, ao invés de se omitir, o empregador até estimula o assédio, acreditando, de forma leviana, que esse é o caminho para uma melhor produtividade e entrega de resultados por parte dos empregados.

Acontece que o único resultado decorrente do assédio moral é a ofensa a honra e a dignidade do trabalhador, com alta probabilidade de adoecimento ocupacional, inclusive, Burnout. 

Se você é vítima de assédio moral no trabalho, cuide-se antes que seja tarde demais. Denuncie, procure ajuda médica, psicológica, jurídica, etc.

Seu silêncio poderá ser o silêncio de muitos, e acabar com sua saúde mental e física. Em casos mais graves, poderá te levar a uma depressão profunda e até ao suicídio.

Emprego algum no mundo vale isso.




[1] https://fbh.com.br/medicas-brasileiras-sofrem-com-sobrecarga-e-assedio-moral-aponta-pesquisa/



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