Emprego Não É Favor!
Já viu como algumas empresas acham que estão fazendo um grande favor te dando um emprego? Pensam que você precisa delas, mas elas não precisam de você!
Esse tipo de pensamento é desastroso no ambiente corporativo.
Quando o empregador acha que é o bonzão da história, e que se não for ele, você passará fome, ele perde o respeito pela sua pessoa, e te trata como um lixo, como um número, como um CPF substituível por qualquer outro que quiser o seu lugar.
Acontece que em um ambiente de trabalho tem que haver um mínimo de respeito entre as pessoas. Por mais simples que seja o trabalhador, por mais que ele precise daquele emprego, ele precisa ser respeitado, precisa ser tratado com dignidade.
Não dá para o seu patrão simplesmente te detonar o tempo todo, te humilhar, te constranger.
Eu, por exemplo, odeio que gritem comigo. Dá vontade de dar um murrão bem no meio da boca (claro que não vou fazer isso, é preciso ter autocontrole), mas que dá vontade dá.
Na verdade, o patrão precisa entender que do mesmo jeito que o empregado precisa do emprego, a empresa precisa do empregado. Ou será mesmo que eles acham que conseguem fazer tudo sozinhos?
Uma coisa é fato, quando uma empresa tem uma gestão de processos mais humanizada, se preocupa com o empregado, trata-o com respeito, o empregado tende a retribuir melhor ao estímulo, buscando recompensar, com dedicação e empenho, o bom tratamento recebido. Você chega a até relevar alguns problemas que possam ocorrer, mesmo que te gerem direitos.
Mas se essa não é a realidade, acontece um caminho inverso. Um problema que, por sua natureza seria pequeno, até irrelevante, ganha grandes proporções e acaba virando uma baita confusão. Pedido de demissão, adoecimento emocional do empregado, afastamento do emprego, processo na justiça, e por ai vai.
Certa vez atuei contra uma empresa em que a maioria dos trabalhadores que me procuravam chegavam revoltados com a mesma situação: o salário atrasava e quando iam perguntar sobre o pagamento, o dono dizia: "eu pago quando puder, se vocês não estiverem satisfeitos, procurem seus direitos, eu não tenho medo da justiça!"
Já pensou o quão revoltante é isso? Meu salário atrasa, eu vou perguntar sobre o pagamento e ainda sou tratado com rispidez e descaso! Tem dó né. Ninguém merece passar por essa situação.
Em outro caso, toda vez que alguém reclamava de alguma coisa errada, o encarregado dizia: "rapaz, para de reclamar e vai trabalhar, você tá pegando o boi de ter um emprego, tem um monte de gente lá fora doido pela sua vaga! Se você não quiser, é só pedir pra sair, não vai fazer a menor falta aqui!"
Depois o empregado entra na justiça e o patrão aparece lá. Cabeça baixa, sofrido. Tadinho, dá até dó do tanto que chora, que fala que as coisas estão difíceis, que a pandemia gerou uma crise imensa e que eles não tem dinheiro, que se o trabalhador não aceitar aquele acordo de R$ 500,00 por mês, a empresa vai quebrar e por ai vai.
Em alguns casos, até quebra mesmo. A empresa é pequeninha e as irregularidades são enormes. Ai quando vem a condenação, já era, a empresa não consegue pagar e continuar funcionando. Muitas vezes, nem pagar consegue.
Em outros casos, é só o choro mesmo. Igual aqueles pais que mandam os filhos saírem de casa e quando os filhos saem, se arrependem.
Necessário dizer que a justiça está se lixando para o fato de o empregador estar em dificuldades financeiras. Isso é o risco do negócio. Se o patrão ofendeu e humilhou o empregado, terá que pagar indenização para ele. O direito do empregado não é retirado porque a empresa passa por dificuldades.
Seria muito fácil. Eu poderia ofender os trabalhadores o quanto quisesse e fugiria de uma condenação apenas demonstrando que as coisas não estão bem financeiramente.
Péssima notícia para o empregador. Não é assim que funciona. Se o financeiro está lascado e a empresa humilhar o empregado, tenha certeza que a situação dela poderá ficar pior.
A verdade é que se o patrão te humilha, te trata de forma ríspida, grosseira, mal educada, está agindo de forma contrária ao que determina a lei e, exatamente por isso, poderá ser condenado pela justiça a te pagar indenização pelos danos morais que essas humilhações causam.
Você só precisa tomar alguns cuidados. O primeiro e mais importante deles é ter como provar as humilhações, as ofensas. Por isso, preste atenção se outros trabalhadores são ofendidos também, se eles veem as ofensas que você sofre, se aceitam testemunhar em um processo na justiça; grave as humilhações sofridas; grave as ligações telefônicas ofensivas; arquive áudios e prints das conversas de whatsapp; enfim, documente, da forma em que for possível, as situações erradas pelas quais você passa no emprego.
Outra coisa, jamais perca sua razão, se igualando ao empregador e reagindo as ofensas dele com ofensas iguais ou piores. O fato de ele ser assim não te dá o direito de ser igual. Se você se igualar a ele, só se prejudicará.
Possuindo meios de provar os acontecimentos, ai é só contratar um advogado de sua confiança e entrar com o processo na justiça.
Também é possível entrar com a rescisão indireta. Esse tipo de comportamento do empregador caracteriza falta grave, prevista em lei para você considerar o contrato encerrado por justa causa. Se for da sua vontade, deve entrar na justiça para o juiz avaliar a questão e, se te der razão, condenar a empresa a pagar, além dos danos morais que você sofreu, todos os seus direitos como se tivesse sido demitido.
E tem mais, se as ofensas forem graves e constantes, e você acabar adoecendo emocionalmente por causa disso, se desenvolver, por exemplo, depressão, crises de ansiedade, de pânico, etc, a sua doença poderá ser caracterizada como acidente de trabalho e, mais uma vez, te gerar uma série de direitos importantes.
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